Queniano vence Maratona de SP, mas fica a três segundos do recorde
02/05/2010
A edição 2010 da Maratona de São Paulo aconteceu neste domingo, com céu azul, calor e com a expectativa de quebra de recorde, tanto entre os homens, quanto entre as mulheres. No masculino, o queniano Stanley Biwot chegou em primeiro, mas ficou a três segundos da melhor marca, enquanto no feminino Marizete Moreira faturou o bicampeonato, também sem recorde.
São Paulo - O dia amanheceu ensolarado na zona sul da capital paulista e logo cedo os cerca de 20 mil atletas já se concentravam na Avenida Jornalista Roberto Marinho, local da largada. Além dos 42 quilômetros, o evento teve ainda uma disputa de 25 quilômetros, uma de 10 e uma caminha participativa de três.
Os cadeirantes foram os primeiros a largar, às 8h15, enquanto a elite feminina partiu às 8h15. Às 9h o tiro de canhão do exército anunciou a saída da elite masculina e do pelotão geral, que correram em direção à Ponte Estaiada (Octávio Frias de Oliveira), um dos cartões postais da metrópole.
Na disputa feminina, Marily dos Santos partiu para a briga logo no início e assumiu a ponta, deixando para trás a etíope Dabele Nega e a brasileira Sueli Vieira. Mostrando força e consistência, Marily foi abrindo caminho a cada quilômetro e tudo indicava que ela ganharia mais uma prova na carreira.
Os locutores da prova já anunciavam a vitória da alagoana como certa, mas na passagem do quilômetro 40 ela começou a dar sinais de desgaste. A todo o momento batia nas pernas para tentar relaxar a musculatura, respirava de forma mais ofegante e passou a diminuir o ritmo na saída do último túnel.
Ela ainda tentou um último suspiro, mas foi facilmente ultrapassada por Marizete Moreira, Margaret Okayo e Adriana Aparecida da Silva, que fizeram uma prova mais conservadora e atacaram no final. Marizete cruzou com 2h39min26, não bateu o recorde pertencente à Maria Zeferina Baldaia (2h36min07 em 2002), mas ficou com o bicampeonato.
“Assim como no ano passado, senti muitas cólicas durante a prova, então a vitória foi uma superação total”, conta a campeã. “Essa Maratona é muito difícil, então não adianta sair forte no começo. Eu e a Okayo ficamos cozinhando e ganhando posições, no túnel vi a Marily e passei”, completa.
A segunda colocação ficou com a queniana Margaret Okayo, ao marcar 2h40min23 e a terceira Adriana Aparecida da Silva, com 2h40min56. “Apesar das subidas, gostei do percurso”, conta Okayo. “Foi minha primeira maratona na temporada e estou satisfeita com o resultado. Foi minha primeira prova na América do Sul e espero voltar ano que vem para vencer”, completa.
Já para Adriana, a estreia no percurso paulista não poderia ter sido melhor. “Dentro do que eu treinei, estipulei um ritmo para competir. No início fiquei para trás respeitando meu ritmo e aos poucos recuperei as posições”. Segundo ela, o percurso é muito duro. “Quem completa aqui, ainda mais com esse clima de calor, é um grande mérito”.
Marily precisou ser atendida pelos médicos na chegada e estava visivelmente chateada por ter perdido o título nos quilômetros finais. O treinador de marido dela, Gilmário Mendes, acredita que a pupila exagerou na dose para dar um presente de aniversário a ele, que completou mais um ano de vida no dia da competição.
Homens - No masculino a expectativa pela quebra do recorde era ainda maior, já que além do percurso com menos subidas, eles tinham a favor a presença de dois coelhos para puxar o ritmo, os quenianos Mathew Chemboi e Mark Korir. Nos primeiros quilômetros, Gilberto Silvestre Lopes chegou a andar na frente, mas logo foi ultrapassado pelos quenianos.
Stanley Biwott, Jonathan Kosgei e Philip Biwot passaram a marca da meia maratona com 1h04min20, indício de que fariam o melhor tempo da prova. Eles tiveram a companhia do brasileiro Anoé Dias, que resistiu bravamente e até tentou correr na mesma passada dos africanos, mas logo foi ultrapassado.
Stanley se desgarrou de seus compatriotas nos quilômetros finais e completou com o tempo de 2h11min21, três segundos acima da marca estabelecida por Vanderlei Cordeiro de Lima em 2002 (2h11min19). Jonathan foi o segundo com 2h12min13, enquanto Philip foi o terceiro com 2h14min08. O melhor brasileiro foi Marcos Alexandre Elias, na quarta posição (2h19min45).
“Fui muito bem na primeira metade, mas sofri muito depois”, conta o campeão. “Foi difícil devido às muitas subidas e descidas e também devido ao calor. O meu objetivo era apenas chegar em primeiro, não estava me importando muito com o recorde, por isso não dei um sprint final”, completa.
O calor também foi um adversário para o segundo colocado.“A prova foi boa, mas o sol castigou. Estava muito calor para mim”, relata Jonathan. “Os túneis também foram complicados, pois são muito longos e as pernas ficam cansadas ao final”, completa.
A mesma opinião sobre o clima é compartilhada pelo terceiro colocado, Philip. “Foi uma prova difícil, principalmente pelo calor. Prefiro um clima mais frio para correr”. Quem se disse contente com o resultado, foi Marcos Alexandre, que fez uma prova consistente para ser o melhor brasileiro. “Corri junto até o quilômetro 25, depois parti para cima e consegui superar os outros brasileiros. Os quenianos abriram muito no começo da prova, então não deu para alcançá-los”.
Esse ano a prova ofereceu diversas bonificações extras em dinheiro aos melhores colocados, além de um pódio extra apenas para os canarinhos. Em 2011, os brasileiros e estrangeiros prometem vir com força total para mais uma vez tentar melhorar as marcas da disputa paulistana.
Fonte: Webrun