Paulista e gaúcha são os primeiros campeões do Mountain Do Atacama
29/01/2012
A primeira edição do Mountain Do Deserto do Atacama reuniu cerca de 500 atletas na pacata cidade de San Pedro de Atacama, no Chile, a uma altitude de 2.400m e num dos locais mais secos do mundo. Com percursos de cinco, 23 e 42 quilômetros, o que se viu em meio ao deserto foram disputas acirradas pelos primeiros lugares, melhor para a gaúcha Andreia Henssler e para o paulista Moisés Torres, que se tornaram os primeiros campeões da disputa.
Direto de San Pedro do Atacama (Chile) - O dia ainda não havia amanhecido e a maioria dos corredores já iniciava o aquecimento na Praça Central da cidade, local onde estava montada a arena da prova. Nem o frio de 10°C foi motivo para tirar a animação dos presentes.
A largada foi autorizada às 7h10, momento em que os primeiros raios solares começavam a dar as caras no horizonte. Os corredores iniciaram a prova de forma cautelosa, com os primeiros quilômetros no asfalto, mas logo eles entraram no piso de terra. Enquanto os participantes dos 23 quilômetros seguiram para o Vale da Lua, os maratonistas seguiram por mais um trecho de estrada de terra.
A temperatura foi aumentando gradativamente e a fadiga foi tomando conta de alguns corredores, menos de Moisés que se concentrou em vencer cada quilômetro até ultrapassar o líder da prova na metade da competição. Ao chegar ao trecho de dunas ele não conseguiu correr devido à dificuldade do terreno, mas assim que alcançou as trilhas voltou a imprimir um ritmo forte.
Ao chegar a uma encruzilhada ele ficou na dúvida de qual caminho seguir e tomou a direção errada e percorreu mais de quatro quilômetros extras, fora do traçado original. Ao retornar para o percurso da prova ele ganhou uma injeção de ânimo ao descobrir que não havia sido ultrapassado.
Daí em diante ele passou a administrar o ritmo até cruzar a linha de chegada com o tempo de 3h46min36. “Foi muito difícil. Em alguns trechos eu não acreditava que estava na frente e achava que os adversários sempre iam me passar”, relata o paulista radicado no Paraná. “Eu não esperava ganhar. Fui curtindo e quando vi que tinham algumas pessoas na minha frente comecei a correr mais e olhar menos a paisagem”, completa Moisés que fez sua primeira maratona. Acostumado às provas de asfalto, a experiência dele com trilhas se resumia a alguns eventos do Corpo de Bombeiros, realizados no Paraná.
O segundo colocado, João Evangelista Dami, veio logo em seguida e completou a disputa com o tempo de 3h47min08. “O local é muito bonito, apesar de ter sido uma prova muito complicada”, relata o mineiro de 54 anos. “O legal é que conseguimos correr bem soltos”, completa. Já o terceiro, André Nogueira, fechou em 3h47min37. “Foi uma prova incrível, uma superação. Não esperava chegar em terceiro, ainda mais porque treinei apenas um mês antes por conta própria”, comenta o paulista. “A prova está mais do que aprovada e espero correr de novo ano que vem”, completa.
Feminino - Na prova feminina as disputas também foram acirradas, mas a chegada das campeãs foi mais espaçada do que no masculino. Andreia Henssler precisou de 4h19min09 para fechar os 42 quilômetros e chegou emocionada. “Estou maravilhada por ter representado bem o Brasil e o Rio Grande do Sul”, comenta a gaúcha de Igrejinha. “O trecho das dunas foi o mais difícil, porque chegávamos nele após a metade da prova e já com muito desgaste. A organização está de parabéns, todos os pontos de hidratação foram ótimos”, completa.
A segunda colocada foi Rita Apezzato, que fechou com 4h48min47. “Foi uma prova maluca, coisa de louco, mas muito legal. Só no deserto mesmo para ter uma prova como essa”, comenta a vice-campeã ainda ofegante após cruzar a linha de chegada. Um dos pontos positivos da prova segundo Rita foi a solidariedade dos demais corredores. “Nas dunas tive câimbra nas panturrilhas, tive que parar e um rapaz me deu gel e cápsula de sal. Até minha adversária, que estava brigando comigo por posições, dividiu a água dela comigo”, relata a triatleta que já fez Ironman e encarou sua primeira maratona cross country no Atacama.
Dentre todos os participantes, uma pequena porcentagem era de estrangeiros, o que não impediu a uruguaia Florencia Morelli de subir ao pódio na categoria principal. “Essa prova aconteceu num dos locais mais lindos do mundo e com pessoas muito especiais. Apesar da dificuldade, a vista era linda e agora pretendo trazer todos os meus amigos para correr aqui”, comenta.
A primeira edição do Mountain Do Deserto do Atacama teve a presença de pessoas de todo o Brasil, desde experientes corredores, até aqueles que se aventuraram no deserto sem muitas corridas na bagagem.
Fonte: Webrun